Antecedentes da Batalha de Tarawa
Enquanto as forças americanas e australianas comandadas pelo General Douglas MacArthur tinha como objetivo aniquilar as forças japonesas nas ilhas Salomão e Nova Guiné, o Alto-Comando americano planejava uma nova ofensiva no Pacífico Central. De acordo com Churchill e Roosevelt, nesse cenário se desenvolveria a principal ofensiva contra o Japão. O plano, que denominava-se Operação Galvanic, visava lançar uma série de ataques anfíbios sobre diversas ilhas que se estendiam entre o arquipélago do Havaí e o território japonês. As ilhas a serem conquistadas e que estavam em mãos japonesas, seriam, primeiramente, as ilhas Gilbert, seguidas das ilhas Marshall, Marianas, Palau, Bonin e Ryukyu. A conquista dessas áreas possibilitaria aos aliados isolar completamente o Japão com o corte de suas comunicações com as Indias Orientais Holandesas que era a fonte de abastecimento de petróleo e matérias-primas para a máquina de guerra japonesa. Em agosto de 1943, o comandante da zona de guerra do Pacífico Central, o Almirante Nimitz, emitiu as ordens para organizar a operação. O ataque as Ilhas Gilbert contava com 35000 homens e ficaria sob responsabilidade da 5a Força Anfíbia, integrada pela 2a Divisão de Fuzileiros-Navais, com experiência nas ilhas Salomão e a 27a Divisão de Infantaria do Exército que ainda não tinham entrado em combates.
As defesas de Tarawa
Tarawa é um atol que faz parte das ilhas Gilbert e é constituída de inúmeras ilhotas de coral localizada a 2500 milhas a sudoeste do Havaí. Estrategicamente tinha uma grande importância militar pois em uma de suas ilhotas denominada Betio localizava-se uma pista de pouso fortemente defendida pelos japoneses. Se caísse em mãos aliadas serviria de apoio aéreo às operações em direção ao Pacífico Central, Filipinas e o próprio território japonês. Betio possuía 3200 metros de extensão por 800 metros de largura. No ano anterior foi fortemente fortificada pelos japoneses e também projetada para ser um pesadelo para seus invasores. Além disso era cercada de um recife de corais e rochas afiadas que poderiam ,facilmente, causar avarias nas embarcações. Cerca de 4500 soldados da elite do corpo de fuzileiros navais japonês guarneciam Tarawa e estavam dispostos a defendê-la até o último homem. Além dessa guarnição, suas defesas contavam com tanques, canhões antiaéreos, sapadores e engenheiros. Inúmeras trincheiras interligavam diversos pontos da ilha, possibilitando o rápido deslocamento de tropas em qualquer área que necessitasse ser defendida. O comandante designado para defender Tarawa era o Contra-Almirante Keiji Shibazaki. Para encorajar seus soldados chegou a declarar “..que seriam necessários 1 milhão de homens e cem anos para que Tarawa fosse conquistada.”
A Batalha de Tarawa – O ataque
A Batalha de Tarawa ocorreu entre os dias 20 e 23 de novembro de 1943 e foi a segunda grande ofensiva norte-americana após a Batalha de Guadalcanal. Em 20 de novembro inciaram as operações com o borbardeio naval durante 3 horas. Muitos fuzileiros imaginavam que não haveria muito o que fazer ao desembarcar nas praias pois não haveria sobreviventes. Às 9 h, após o intenso bombardeio, os marines prepararam-se para a invasão das praias. Foram enviados 3 batalhões de fuzilieiros movendo-se em 5 levas a partir do norte até três praias vizinhas denominadas Red1,Red2 e Red3. A praia Green localizava-se na costa oeste e a Black na costa sul não foram consideradas no plano. Há 5500 metros da costa os fuzileiros são surpreendidos com as armas das defesas japonesas. Um avião de reconhecimento naval relatou ao navio chefe a situação desesperadora dos marines presos nos recifes de corais e debaixo de intenso fogo inimigo. Os veículos anfíbios de ataque (AMTRACs, ou ‘tratores armados’), ao reduzirem a velocidade da embarcação e desviar dos recifes ficaram completamente expostos ao fogo inimigo. A maré continuava a baixar e um quebra-mar de 1,5 metros foi exposto impossibilitando a travessia da maioria dos AMTRACs. Nesses momento muitos soldados foram abatidos. Sem saber o que estava ocorrendo exatamente, a quarta leva de barcos Higgins ou LCVP (The Landing Craft, Vehicle, Personnel) aproximava-se cada vez mais do letal recife. Para agravar ainda mais a situação, o contra-ataque japonês prejudicaram as comunicações impossibilitando o comando naval americano tomar as decisões mais precisas diante de mensagens interrompidas e desesperadas dos fuzileiros que estavam morrendo no quebra-mar. Também não conseguiu alertar as demais levas que se dirigiam ao recife. Em meio ao caos, muitos barcos Higgins encalharam antes de chegar as praias e todos receberam ordens de descer da embarcação e rumar em direção à praia. As baixas de soldados norte-americanos aumentavam cada vez mais. Em um dos barcos encontrava-se o Maj. Myke Ryan, um oficial bem respeitado entre os fuzileiros. Inicialmente ele iria para a praia Red1, que era uma das praias mais bem fortificadas mas ao perceber o caos que se encontrava, decidiu, rapidamente, dirigir-se com seus homens para a praia Green que estava mais desprotegida. Ao chegar percebeu que alguns fuzileiros já se encontravam no local e que havia uma passagem pouco defendida. Prontamente começou a reunir e organizar alguns homens remanescentes formando uma unidade de ataque sob seu comando. Seu objetivo, inicialmente, era destruir algumas defesas japonesas e liberar uma possível zona de desembarque para reforços . Esses fuzileiros ficaram conhecidos com os “órfãos de Ryan”. Além desses 200 homens, Ryan também conseguiu mais dois tanques médios M4 Sherman. No final do primeiro dia, a situação nas praias Red era crítica com poucas áreas conquistadas. Somente na Green houve algum progresso sob o comando de Ryan. Nesse momento todos os fuzileiros que encontravam-se nas praias Red e Green sabiam do iminente contra-ataque japonês à noite. No 2º dia, após intensos combates do dia anterior, os fuzileiros norte-americanos, esgotados, sobreviveram milagrosamente ao ataque noturno que muitos aguardavam com temor não se concretizou. O bombardeio do dia anterior, matou o comandante Keiji e sua equipe, deixando as linhas de comunicações japonesas danificadas impedindo assim que os japoneses realizassem um ataque com êxito. Mesmo diante disso, os japoneses ainda dominavam a pequena ilha. Por volta das 11 horas, o comando naval em Tarawa recebeu, com surpresa, a notícia que o Maj. Ryan estava vivo e que também estava comandando um grupo de 200 fuzileiros e 2 tanques M4 Sherman e que se preparava para a realização de um ataque para tomar a praia Green. Cada palmo foi conquistado na praia Green, casamata à casamata, mas a qualquer momento a área, por ser pequena, poderia haver uma contra-ofensiva japonesa empurrando-os novamente em direção ao mar. O comando organizou um batalhão de reforço para ajuntar-se aos fuzileiros nas praias liderados pelo Maj. Willie K. Jones de 27 anos. Seus homens o apelidaram de almirante de borracha uma vez que atacavam as praias inimigas em botes infláveis de borracha e não em veículos mecanizados de aço. Os homens de Jones eram letais, ousados e especialistas em operações de destruição. A ansiedade e o medo tomava conta dos sentimentos de cada combatente. Eles seriam levados em botes de borracha em plena luz do dia. Na praia Green, Ryan e seus homens continuaram avançando sobre o terreno debaixo de fogo inimigo mas a custo de muitas baixas. Seu objetivo era deixar a praia aberta para o Maj. Jones e sua equipe. No 3º dia do primeiro assaulto norte-americano ao Pacífico Central, após intensos combates, a linha de frente americana conseguiu consolidar-se nas praias Red. Os fuzileiros conseguiram avançar pelo terreno e obter algum progresso apesar de inúmeras baixas. Na praia Green uma área pouco guarnecida foi liberada, possibilitando o desembarque dos botes de borracha de Jones. Deste momento em diante organizou-se um verdadeiro batalhão preparados para os intensos combates que se seguiriam. Todo o trecho oeste da ilha estavam nas mãos de Ryan e seus fuzileiros. Os Maj. Ryan e Jones organizaram-se como iriam avançar em direção ao outro lado da ilha. Jones seguiria com seus homens à leste até a parte central da ilha enfrentando,cada vez mais, um intenso fogo de artilharia e juntaria-se as forças das praias Red para tomar a ilha. Para surpresa de muitos marines, à medida que avançavam, descobriram, enterrados na areia, bunkers correspondentes há um prédio de 3 andares. O ataque de Jones deu início às 10h30 da manhã e a medida que avançavam em direção ao centro de Tarawa, os homens das praias Red começaram a consolidar seu domínio e juntos cercam os trechos leste e oeste da ilha encurralando os japoneses em bolsões de resistência isolados. Os homens das praias Red juntamente com os homens de Jones começaram a fechar o cerco aos japoneses que ficaram em bolsões de resistência isolados. À noite Jones posicionou seus homens num perímetro de proteção aguardando um ataque noturno dos japoneses. Os soldados japoneses realizaram quatro ataques diferentes naquela noite. Os fuzileiros americanos reagiram e resistiram aos intensos combates há um custo de muitas baixas. No 4º dia, por volta das 6h da manhã tudo havia terminado. Muitos japoneses haviam morrido em massa. Na unidade de fuzileiros de Jones 45 fuzileiros morreram e 128 ficaram feridos. No trecho leste da ilha, o último foco de resistência japonesa foi destruído. Os EUA realizaram um último ataque aéreo e naval devastador no lado leste da ilha, eliminando totalmente toda e qualquer resistência japonesa. Muitos soldados japoneses, seguindo seu código, cometeram suicídio ao invés de renderem-se. Dos 4500 soldados japoneses que defendiam a ilha, apenas 10 oficiais, 16 soldados e 129 trabalhadores escravos coreanos se entregaram. Os americanos tiveram 1001 soldados mortos e 2296 feridos. Às 15h30, após 76 horas de intensos combates, a ilha de Tarawa foi declarada segura com a vitória americana. A Batalha de Tarawa foi marcada por extrema violência nos combates frente a desesperada resistência japonesa e serviu mais tarde como ensinamento aos combates que se seguiriam em outras ilhas. As táticas e técnicas empregadas para a invasão da ilha de Tarawa nunca haviam sido empregadas antes em combates. Os AMTRACs e os barcos Higgins, que transportavam até 30 fuzileiros, nunca haviam sido utilizados para desembarques em ilhas de corais sob fogo intensos. Muitos recursos foram aprimorados. O rádio passou a ser à prova de água e as comunicações entre as embarcações melhoraram. Surgiram os homens-rãs, soldados treinados para remover obstáculos nas praias, reconhecer as áreas de desembarques e realizar demolições submarinas.
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Referencias:
BATALHA DE TARAWA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2015. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Batalha_de_Tarawa&oldid=42749326>. Acesso em: 26 ago. 2015.
